quarta-feira, 26 de maio de 2010

Uma conversa


– Alô.
– Jules?
– Oi, Jo.
– Que voz é essa?
– Estou de ressaca.
– Ahn.
– Tudo bem?
– Queria te fazer uma pergunta, mas talvez você me ache idiota.
– Fala.
– O que motivou você a pedir Catherine em casamento?
– Ahn?
– Por que você queria se casar com ela? Quer dizer: o que fez você largar a vida de solteiro pra se ajuntar a uma mulher louca que nem ela?
– Jo, eu desejava Catherine. Aliás, todo mundo! E ela precisava de alguém que cuidasse dela. Eu me apaixonei, e tinha Jim. Ah, sei lá. Mas que pergunta é essa agora?
– Você não entendeu. Eu quero saber o que leva um homem a querer se casar.
– Essa pergunta é completamente idiota.
– Viu? Sabia.
– O que leva um homem a querer se casar ou a não querer... Pode ser qualquer coisa. Não há regras. Eu amava Catherine, tinha devoção por ela.
– Isso me irritava. Achava que ela te fazia de bobo, e que ao mesmo tempo você não a compreendia.
– Nem eu, nem ninguém!
– Muito menos Jim. Mas esse ela amou de verdade.
– Sim, ela o amava. Tanto que eu, por amar Jim e por amar Catherine, não me opus quando os dois quiseram se casar.
– Deu tudo errado.
– Pois é, mas nós, nós três fomos realmente felizes em alguns períodos. Nada pode ser mais importante que isso. Estávamos casados, os três. Aquilo era um casamento de verdade. Mas doía quando dormiam juntos, claro.
– Imagino. E lá no fundo fico me perguntando... Se vocês não tivessem se casado oficialmente, talvez assim Catherine e Jim ainda estivessem vivos. Ela não teria surtado.
– Eu é que não me culpo por ter sido condescendente o tempo inteiro. Era meu jeito de amá-la. Agora, me diz uma coisa: por que me ligar pra perguntar uma coisa irrespondível?
– Porque outro dia eu tentei me colocar no lugar de You Know Who pra saber por que ele não me pede em casamento. E aí vi que seria impossível pensar como homem.
– Jo, você leu Orlando?

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