domingo, 2 de maio de 2010
Morangos silvestres
Conversei com papai e vovô (esses dois sujeitos adoráveis da foto ao lado) sobre minha vontade de casar. Eles foram uns fofos, sorriram ternamente para mim e falaram com alegria sobre suas festas de casamento. Notei que interrompia uma conversa leve entre pai e filho, o que não é muito o estilo deles. Papai sempre com questões existenciais profundas, vovô em seu autoisolamento característico. Quem os conhece sabe do que estou falando.
Disseram que podem contribuir financeiramente para a festa, mas não me ajudaram no essencial: explicar por que o cara é apaixonado por mim, mora comigo, e não pede minha mão em casamento. Qual o mistério, ora bolas? Olhando para o horizonte, vovô disse que as coisas não são simples. Papai permaneceu em silêncio, o rosto soturno, provavelmente pensando na incomunicabilidade da linguagem humana e em tudo o que isso acarreta na práxis diária.
Foi então que contei a eles sobre este blog. Adoraram. Uma maneira de criar em vez de apenas neurotizar-se, disse meu pai; me dê o endereço, não sou muito bom com internet, mas vou tentar acessá-lo hoje à tarde, vovô falou.
Depois mudamos de assunto, comemoramos a brisa, o calor do sol e os morangos silvestres que nasceram no bosque de nossa casa de campo. Papai e vovô me fizeram esquecer, por alguns momentos, que desejo me casar. Me acolheram, a menina deles.
Naquela tarde, compartilhamos o mundo, eu e meus dois queridos velhos.
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