terça-feira, 3 de agosto de 2010
Um príncipe pra chamar de meu
Príncipes não nascem todos os dias, como já se sabe.
Príncipes pós-modernos (o que, no caso do meu, significa um chileno com ascendência franco-germânica radicado no Brasil), além de não nascerem todos os dias, são mais difícies de encontrar devido à multidão. Imersos nela, passam, despassam, repassam. E quase sempre não dá tempo de (re)conhecê-los. Baudelaire que o diga.
Meu príncipe beijei pela primeira vez num Sábado de Aleluia. Foi difícil saber que era o cara, pois tivemos muitas idas e vindas e autossabotagens (sempre misturados a momentos incríveis), mas uma história que começa em uma data como essa não tem nada de banal.
Mais de duas páscoas depois, lá estávamos, eu e ele, no Aterro do Flamengo. Um ensinando, a outra aprendendo a andar de bicicleta. Gente à beça. Centenas de adultos que sabiam andar de bicicleta vendo outra ser iniciada.
Caí, me machuquei, mas ele não desistiu.
Nem eu. Porque eu sabia, como já tinha dito a mim mesma em sonho, que meu príncipe seria assim identificado: a bicicleta, eu sobre ela, o gosto da liberdade mais forte do que o medo de cair - tudo isso ele ofereceria a mim. Ainda bem que aceitei.
Príncipe, amo você. Feliz cumpleaños!
quinta-feira, 29 de julho de 2010
Aqui
Me pede em casamento, mas não agora
domingo, 18 de julho de 2010
O tempo dos homens
Relógio biológico. Expressão utilizada para se referir à urgência feminina em procriar. Aproxima-se de tempo, vida e mulher, três substantivos comuns indissociavelmente ligados. Disso pode nascer um bebê, mas a existência de tão fofa criaturinha depende de um outro gênero: o masculino; aquele que, como se sabe, pode procriar praticamente em qualquer fase da vida. Talvez por isso, a expresso relógio biológico sempre pareceu pouco aplicável a ele.
Mas eis que o possível futuro pai do meu possível futuro filho me diz hoje que, se passar dos 40 sem filhos, continuará sem tê-los, só que definitivamente. Em princípio, fiquei confusa – achava que ele não tinha pressa –, mas depois vi que era melhor sair do particular para o universal, e daí para a conclusão de que homem também pode ter relógio biológico, só que sem ponteiros. Isso é o mesmo que dizer que eu não os compreendo, os homens, esses cuja urgência parece tão inverossímil quanto ameaçadora.
quarta-feira, 7 de julho de 2010
Amar é
Fazer regime juntos.
Encarar o Prezunic de mãos dadas.
Jogar gamão e ajudar o "adversário".
Sonhar que transa com quem se dorme todos os dias.
Escutar os problemas do trabalho.
Aconselhar.
Desvendar uma tela de Miró.
Dançar coladinho.
Lavar a louça.
Beijar.
Dividir as contas.
Rir das mesmas coisas.
Rir de coisas diferentes.
Dar um desconto para as crises de mau humor.
Criar e variar apelidos que só os dois conhecem.
Ganhar uma tartaruga de pelúcia.
Ler a Odisséia juntos em voz alta antes de dormir.
Sentir raiva de coisas comezinhas.
Perdoar.
Sentir tesão.
Não se conter de felicidade.
quarta-feira, 23 de junho de 2010
Ser beijada
A guerra acabou. Que venha o beijo na Times Square. De preferência um que tome a mulher de assalto, que a impeça de pensar.
A guerra acabou, no beijo a linguagem da boca é bem outra.
Eternizado na foto de Alfred Eisenstaedt, o encontro entre o marinheiro e a enfermeira foi parar na capa da Life. Isso não aconteceu apenas porque representava o fim de um conflito mundial. Ali estava a delícia do fugaz.
Edith Shain – hoje o mundo lembrou-se de seu nome – morreu 65 anos depois daquele beijo. Roubado? É provável. “Well, I guess I'd take a look at the guy [laughs]. I never looked at him—you know you close your eyes when you get kissed, at least I did—and then I turned around and walked away. And I guess he went on to kiss more girls.”
Ela também contou que, antes do beijo, estava num hospital público de Nova York, onde trabalhava, quando, escutando o rádio, soube do fim da guerra. Correu para as ruas. Quantas mais fizeram o mesmo?
E se ela tivesse conhecido o marinheiro no navio e se apaixonado por ele? A cena que vemos na célebre foto seria o começo do fim. E se fossem namorados que se reencontravam no coração de uma cidade? Talvez parassem no altar. Mas a declaração de Edith não deixa margens para elocubrações. Desconstrói o romantismo da foto, e o que sobra são dois jovens que haviam se conhecido há alguns instantes, ambos secos por felicidade e prazer.
E daí? O que encanta nesse beijo é que está, em sua fugacidade, fora do tempo. Nem passado, nem futuro. Apenas o doce conflito entre dois corpos que se tocavam pela primeira e última vez.
Oh, boy!
terça-feira, 15 de junho de 2010
Cenas de um casamento I
Ela é, pela segunda ou terceira vez na vida, e com menos de 30 anos, madrinha de um casamento. Seu namorado (hoje ex, com a graça do Senhor), um misantropo que acha tudo um saco, obviamente recusa-se a ir ao evento. Então ela decide levar a própria mãe, numa clara demonstração de que não está muito à vontade com o posto.
Nada que o álcool não seja capaz de modificar.
Depois de virar todas as taças de espumante que lhe são oferecidas e de dançar músicas que jamais a fariam mexer um músculo em estado de sobriedade, está na cara que colocou o superego pra dormir.
Lá pelas três da manhã, alguns raros convidados ainda presentes, a moça deixa finalmente o salão, não sem antes estender a mão na direção de um bem-casado. O gesto inocente é interrompido por uma jovem de coque, uniforme azul-marinho, unhas impecavelmente pintadas. Assistente de cerimonial. Diz que não já não é permitido aos convidados comer os doces da mesa: a festa acabou, caminho da roça, game over.
“Assistente de cerimonial. É isso o que você será para sempre, queridinha, impedindo pessoas de pegar um simples doce antes de ir embora pra casa. E tem mais: vocês vão aproveitar esses docinhos no sábado que vem, que eu sei.”
A madrinha embriagada disse isso – triunfante, tola – e foi embora. Como sofre de amnésia alcoolica, jamais se lembraria do episódio se a noiva, sua amiga, não tivesse, dias depois, passado a mão no telefone para contar tudo – fala por fala.
Ah, a crueldade feminina.
segunda-feira, 14 de junho de 2010
Santo Antonio en vacaciones (no que depender de mim)
Isso mesmo. Ontem, 13 de junho, foi o dia dele, e ao contrário do que se poderia prever, não fui à missa em sua homenagem, não pedi nada. Nada mesmo. Nem que o santo faça com que meu namorado me peça em casamento. Por mim, Antonio pode e deve passar um tempo relaxando (numa temporada no campo, por exemplo, como sugere a foto ao lado).
Calma, leitor (se é que você existe), não desisti do meu sonho. Isso nunca. Simplesmente resolvi relaxar um pouco e curtir os magníficos dias de inverno em um Rio de Janeiro de temperatura amena. Já que é assim, melhor acalmar os ânimos, refrescar a mente e aquecer o coração.
A quem interessar possa: Jamais, em tempo algum, recorri a subterfúgios torpes como:
1. Colocar o santo de cabeça para baixo;
2. Fazer qualquer tipo de simpatia (num misto de preguiça e medo de me arrepender depois, preferia apenas fechar os olhinhos e sonhar);
3. Mentir para ganhar o coração de um rapaz.
segunda-feira, 7 de junho de 2010
Dilema hamletiano
Homem que nasce com a modernidade, Hamlet tinha em mãos uma questão insolúvel: ser ou não ser. Entre agir e divagar, ficava no meio do caminho, pois sua única certeza repousava sobre a condição de sujeito – imperfeita, parcial. Hamlet pensava, logo existia, e isso era o bastante para que soubesse o quão sozinho e abandonado às próprias decisões estava.
Sou ou não sou, pergunto eu. Tecnicamente, muita gente vai responder que sim, que já estou casada. Durmo na mesma cama que ele, divido a vida com ele. Os leitores nada pragmáticos e com tendências românticas (ou moralistas) dirão um sonoro NÃO, que em pleno século XXI estar casada requer aliança, vestido, ritual etc.
Como meu colega de dúvidas, oscilo entre sim, não e porquês, e desconfio que tenho mais a aprender com a história do príncipe da Dinamarca se me concentrar em seu desfecho: depois que consegue desmascarar o tio com dramaturgia, resta a Hamlet morrer por conta da impulsividade – sua única maneira de negar a hesitação.
Quando finalmente age, peca pelo excesso.
Devo eu, Jo, esperar pelos dias e pelas noites até ser pedida em casamento? Devo eu simplesmente esquecer desse blog e não apelar, como Hamlet, para o mimético artifício da representação? Devo (e, se devo, sou capaz?) de temperar as duas condições?
Fala alguma coisa, caveira!
terça-feira, 1 de junho de 2010
Cansei de digressões, eu quero é ação
Hoje me deu um cansaço deste blog! Enjoo mesmo. “Me pede em casamento” bem que poderia deixar de existir, e isso é até possível. Basta que ele me peça em casamento, ou que eu desista de desejar isso.
Na primeira opção, o desfecho é perfeito. E ainda me abre precedentes para fazer outro blog. Tipo: “Vamos ter um bebê” ou, na pior das hipóteses, “Vamos comprar um cachorro”. Rará.
Na segunda opção, eu convenceria a mim mesma de que esse negócio de casamento foi uma ideia que a civilização judaico-cristã-ocidental colocou na minha cabeça.
segunda-feira, 31 de maio de 2010
Meu dote
Sempre fui aficionada por livros. Não à toa trabalho com eles. Lê-los nem sempre era o bastante, e assim foi preciso adquiri-los, enfileirá-los numa estante e poder contar sempre com sua presença. Em parte fetiche, em parte amor, o desejo pelo livro me rendeu um biblioteca pequena, singela e fragmentada, mas ainda assim interessante.
Infelizmente, há menos de um ano ela ficou ainda menor. Quando eu e meu namorado decidimos morar juntos, a falta de espaço na casa dele (hoje, nossa) me obrigou a selecionar o que iria comigo e o que – dói até hoje – seria oferecido ao Exército da Salvação.
Dos que dispensei prefiro esquecer para não sofrer, reforçando as estatísticas dos que defendem que a memória é também a arte de olvidar algumas coisas. Os que ficaram comigo, esses escolhi com carinho e alguma coerência. Os principais temas são literatura, filosofia e religião, mas também há espaço para saúde, culinária, psicologia, artes plásticas e cinema. De uma edição fac-símile de segunda categoria de Os lusíadas (mas que eu amo mesmo assim) a um livro com a correspondência trocada por Hannah Arendt e Martin Heidegger que um dia eu hei de ler, quem ficou merece meu respeito e meu compromisso com leituras ou releituras.
O melhor de tudo é ver o namorado admitindo que meu dote, como eu já tinha avisado antes de me mudar, são meus livros: me ajudam a seduzir e dizem quem sou (ou, falando como os sujeitos de marketing, conferem a mim um valor agregado incomensuravelmente maior do que se fossem bolsas Louis Vuitton). O rapaz constatou que se juntava a um misto de perua-light com intelectual – se achou isso bom ou ruim, não sei –, uma mulher que se projeta em seus livros e se orgulha disso.
No mesmo dia da minha mudança, desencaixotei o tesouro que trazia e que certamente sucumbirá ao tempo. Misturei meu Homero com o Dante dele, minha Virginia Woolf com as edições de García Marquez e Cortázar em espanhol; coloquei Drummond ao lado de Manuel Bandeira e com algum estranhamento (agora satisfação) encontrei três edições diferentes do Capital.
Formamos um belo par.
sexta-feira, 28 de maio de 2010
Conclusão por analogia
Pensando em Orlando e em Catherine, comecei a perguntar quando (e se) me travisto de homem. Não é no carnaval, ainda que adore a festa e more no Rio. Sou homem quando escrevo. Não aqui (dá pra ser mais mulher do que sou aqui?), e sim nas histórias que começo e quase nunca termino. De cinco personagens que escolho para narrar, quatro são homens. Isso quer dizer alguma coisa, ainda mais quando me dou conta de que são todos meio cínicos, meio descrentes, uma mistura de Clark Gable em Gone With The Wind com Woody Allen em Annie Hall.
Se esse é o narrador que eu crio, será assim meu lado masculino? E, se o raciocínio prossegue, agora por um ponto de vista junguiano, será essa a minha sombra, o meu Animus? Em português claro: é dessa forma que vejo os homens?
Holy shit, I’m fucked!
Sobre Orlando e Catherine
Jules,
Li Orlando com vinte e muitos anos. Uma Virginia Woolf metafísica criou um personagem de 16 anos que, em viagem pela Turquia, numa manhã como qualquer outra, acordou mulher. Não sem espanto. Teve o direito de atravessar os séculos, viver vidas distintas. Tornou-se imortal para experimentar como há ambiguidade em ser Lord ou Lady, fazer a corte ou ser cortejado, penetrar ou abrir-se.
Inspirado em Vita Sackville-West, escritora com quem Woolf manteve um affair, Orlando incita reles mortais a pensarem se dá pra fazer tantas coisas e agir de formas tão distintas numa vida só. Vita Sackville-West costumava vestir-se de homem quando viajava para a França com a também escritora Violet Trefusis. Por sua vez, Catherine encarnou um rapazote (com bigode e tudo) e saiu para as ruas de Paris ao lado de você e de Jim. Sentiu-se livre ao correr de calças e botas sem salto, ganhou na corrida.
Catherine queria a liberdade máxima, a existência total, e como não era escritora apostava todas as fichas na própria vida, obra de arte moderna com um fiapo de anacronismo, sempre dependente de um homem para venerá-la. O desejo de ser cortejada, desejada e obedecida o tempo inteiro – tão feminino! – fez com que tivesse vários amantes antes de você e outros tantos depois que se casaram. Isso pode ser moderno, mas só naquela corrida ela foi livre. Esqueceu que era mulher.
Quase um nirvana esquecer quem se é, e por isso mesmo só pode durar o tempo de se atravessar uma ponte.
quarta-feira, 26 de maio de 2010
Uma conversa
– Alô.
– Jules?
– Oi, Jo.
– Que voz é essa?
– Estou de ressaca.
– Ahn.
– Tudo bem?
– Queria te fazer uma pergunta, mas talvez você me ache idiota.
– Fala.
– O que motivou você a pedir Catherine em casamento?
– Ahn?
– Por que você queria se casar com ela? Quer dizer: o que fez você largar a vida de solteiro pra se ajuntar a uma mulher louca que nem ela?
– Jo, eu desejava Catherine. Aliás, todo mundo! E ela precisava de alguém que cuidasse dela. Eu me apaixonei, e tinha Jim. Ah, sei lá. Mas que pergunta é essa agora?
– Você não entendeu. Eu quero saber o que leva um homem a querer se casar.
– Essa pergunta é completamente idiota.
– Viu? Sabia.
– O que leva um homem a querer se casar ou a não querer... Pode ser qualquer coisa. Não há regras. Eu amava Catherine, tinha devoção por ela.
– Isso me irritava. Achava que ela te fazia de bobo, e que ao mesmo tempo você não a compreendia.
– Nem eu, nem ninguém!
– Muito menos Jim. Mas esse ela amou de verdade.
– Sim, ela o amava. Tanto que eu, por amar Jim e por amar Catherine, não me opus quando os dois quiseram se casar.
– Deu tudo errado.
– Pois é, mas nós, nós três fomos realmente felizes em alguns períodos. Nada pode ser mais importante que isso. Estávamos casados, os três. Aquilo era um casamento de verdade. Mas doía quando dormiam juntos, claro.
– Imagino. E lá no fundo fico me perguntando... Se vocês não tivessem se casado oficialmente, talvez assim Catherine e Jim ainda estivessem vivos. Ela não teria surtado.
– Eu é que não me culpo por ter sido condescendente o tempo inteiro. Era meu jeito de amá-la. Agora, me diz uma coisa: por que me ligar pra perguntar uma coisa irrespondível?
– Porque outro dia eu tentei me colocar no lugar de You Know Who pra saber por que ele não me pede em casamento. E aí vi que seria impossível pensar como homem.
– Jo, você leu Orlando?
sábado, 22 de maio de 2010
E se eu fosse homem?
Será que iria querer me casar? Cara, pergunta difícil. Não por que eu ache que homens não querem se casar - seria uma tola se pensasse assim e estaria perdendo meu precioso tempo com esse bloguinho. Mas o fato é que eu não pensaria como uma mulher, e isso faria de mim alguém que eu não sou. Ou seja, não consigo imaginar, se fosse homem e quisesse ou não me casar, por que eu assim quereria.
Vou ligar para meu amigo Jules, o sobrevivente. Quero saber o que ela acha disso.
Post hermético
A pergunta que não quer calar neste sábado outonal é: Melhor me calar? Melhor tentar convencê-lo de alguma coisa? Melhor me jogar nos braços dele e beijá-lo longamente? Depende de tantas coisas, mas certamente é melhor ser eu mesma.
A um passo da eternidade ou do nada, um beijo pode ser a glória. A glória dos amantes. Dos amantes, veja bem.
quarta-feira, 19 de maio de 2010
Ctrl + Alt + Del ou Por que vale a pena pensar na ideia de eterno retorno
Qualquer pessoa com o mínimo de inteligência sabe que uma vida digna é uma vida de escolhas. Das comezinhas às grandiosas. Dizer sim ou não, virar à esquerda e não à direita, acreditar ou não na vida após a morte, ser Flamengo ou Botafogo – tudo é escolha.
Qualquer pessoa com mais que o mínimo de inteligência sabe que é difícil fazer escolhas. Principalmente as certas. Mas como sabê-las certas? Nietzsche diz que devemos escolher de uma maneira tal que nossa escolha seja por nós sempre desejada. O conceito de eterno retorno é isso: ter vontade de algo, poder ter forças pra bancar essa vontade e, assim, empreender a ação que você gostaria de ver se repetindo infinitas vezes. “Ctrl + Alt + Del”, no eterno retorno, é um recurso desnecessário.
Isso me leva a duas conclusões. Primeira: se a ideia é fazer sempre o que se quer, então o dever vai para as cucuias. Segunda: mesmo depois de ultrapassar a ideia de dever – o que muitas vezes é, pro meu olhar cristão, quase um horror –, há o medo de se arrepender depois de fazer o que se quer e ter que teclar “Ctrl + Alt + Del” pra tentar sair da enrascada.
Sabe o que diz Nietzsche? Se você fez o que realmente quis, e entendeu o valor disso, vai olhar pra trás e se comprazer até na dor. Em outras palavras, essa dor doerá menos.
Sábado à noite, andando pelas ruas da cidade, ouço uma voz familiar chamar meu nome. Desvio o olhar de uma vitrine e me deparo com F., meu primeiro namorado, primeiro também a me pedir em casamento (depois dele foram mais dois, mas isso eu conto em outro post). Na época eu disse não, obrigada.
Ele continua bonitão, mas na verdade não faz o meu tipo; ele ainda é uma pessoa alegre, mas eu desconfio da alegria que é alegre em tudo; ele continua me achando excêntrica e me dizendo o que eu sou e o que eu não sou (!). Não quer enigmas. Não os vê. Por tudo isso, F. continua sem fazer parte do meu mundo.
Há mais de dez anos, terminei com ele num “Ctrl + Alt + Del” de fazer o chão tremer, assumindo que o meu querer era não querer aquele sujeito feliz, demasiadamente feliz. Fui corajosa o suficiente para dizer NÃO à comodidade de classe média alta e de certezas em que a vida ao lado de F. me meteria. Eu queria o mundo, e ele me daria um casamento de primeiro capítulo de novela. Era pouco, muito pouco para uma garota de 21 anos.
sexta-feira, 14 de maio de 2010
Balzac não sabia o que era SOP
SOP. Síndrome de Ovários Policísticos. Doença feminina que acomete uma a cada cinco mulheres. Sou uma delas, e trago dois ovários cujos óvulos têm pequenos cistos que dificultam a gravidez sem torná-la impossível, agravam os efeitos da TPM, aumentam a quantidade de pelos indesejáveis e da queda de cabelo e fazem você gastar valiosos minutos na web pesquisando sobre toda essa baboseira.
Minha ginecologista fez desaparecer praticamente todos os sintomas da SOP graças a uma pílula contraceptiva, mas toda vez que vou ao seu consultório, me pergunta: “E quando você vai engravidar? Olha a sua idade, os seus ovários policísticos... Esse negócio de mulher engravidar com 40 anos não é essa facilidade toda que dizem por aí, não, ainda mais no caso dos seus óvulos. Vai esperar o momento certo? Bem, deixa eu te dizer uma coisa: não existe momento certo, Jo. ”
Engulo em seco, digo que primeiro quero fazer aquela viagem pra Itália, que o trabalho na livraria está superintenso, e que ele tem mais medo do que eu. A ginecologista me lança um olhar compreensivo e depois se cala.
Mas tudo bem, até que está bom. Sou uma mulher do século XXI que sofre de SOP, quer engravidar e pode fazer um tratamentozinho básico pra isso. Tenho um namorado incrível que ainda não me pediu em casamento, mas que cuida muito de mim. Posso me dar ao luxo de esperar mais dois, três anos, pra ter um filho aos 35. E é isso aí! Apesar da fome no mundo, do apogeu da tecnociência e do silicone, hoje uma mulher tem mais tempo para tomar decisões que envolvem casamento, filhos e futuro. E isso é maravilhoso.
Quando criou Julie, a mulher que aos 30 anos estava insatisfeita com a tranquila vida burguesa que levava, Honoré de Balzac não tinha o cenário de emancipação feminina à frente, nem o avanço da ciência nos calcanhares. Sequer sonhava em saber o que era SOP. Por isso pôde dar vida a uma personagem que se casou aos 18 sem grandes padrões de exigência e acabou escolhendo o cara errado. Aos 30, Julie já tinha filhos, continuava com o mesmo marido (um chato!), mas estava louca pra se apaixonar e ser livre.
Como homem de seu tempo, Balzac preferiu ver Julie tendo pequenos affairs com homens da respeitável sociedade parisiense do que liberar sua heroína para uma aventura em becos lúgubres ou em terras distantes. Não poderia ser diferente. O que restaria a uma mulher de trinta anos, já casada, em meados do século XIX? Pouco, muito pouco, além de ver a própria beleza esvair-se com o passar dos dias.
A minha também dá sinais de que não é a mesma, mas pele madura, alguns cabelos brancos e solteirice aos trinta e poucos não são mais o fim do mundo. Nem se isso incluir a SOP. Julie já era casada e mãe aos trinta. Sou muito mais vivida do que ela. Viajei, me apaixonei várias vezes, sou apaixonada pelo homem com quem vivo, espero ser pedida em casamento e sonho em ter filhos. Sou uma mulher do meu tempo, embora não possa negar um cheiro de anacronismo no ar.
quarta-feira, 12 de maio de 2010
Cartas catárticas
A Soror Mariana Alcoforado, religiosa portuguesa que viveu na cidade de Beja durante o século XVII, é atribuída a autoria das Cartas portuguesas. São cinco. As duas primeiras gotejam mel, expectativa e uma pudica lascívia; as três últimas, o gosto amargo que só conhecem as mulheres que experimentam a angústia da rejeição. Mariana foi uma delas. Escreveu as tais cartas para um militar francês por quem se apaixonou.
Tudo indica, pelo conteúdo dos textos, que a religiosa e seu amado não só chegaram às vias de fato, como juraram amor. Pois o tal francês, chamado marquês de Chamilly, não apenas jurou em vão, como, após deixar Beja, nunca mais pôs os pés lá. Voltou a seu país e casou-se com uma mulher da corte de Luís XIV. Deixou para trás um rastro de silêncio e ausência, sinais que Mariana soube interpretar. Aos poucos, em suas cartas, demonstrou claramente perceber que aquele homem não mais voltaria, e que sequer teria a dignidade de responder suas súplicas.
***
Mariana Alcoforado conseguiu fazer de seus escritos uma obra catártica – e de grande força literária. Por isso suas cartas atravessaram o tempo e ainda suscitam questionamentos. Aí vai um: Certa vez ouvi de um homem tão insensível quanto inteligente que Mariana era uma histérica. Era? Ela só queria se fazer ouvir (ou melhor, ser lida). Mais que isso: queria entender o que havia desandado. Sem resposta, sem qualquer possibilidade de travar uma boa Discussão de Relacionamento com o Chamilly, fez o que qualquer mulher apaixonada faria: falou, falou muito, colocou pra fora.
Longe de me comparar à soror, embora eu até reze de quando em vez, criei Me pede em casamento para exorcizar fantasmas, entender obsessões e – pretensão máxima –ser lida e compreendida por meu namorado. Sou histérica como ela? Somos todas histéricas?
A Mariana restou fazer carreira no convento, escrever, estudar muito e morrer velha. Espero compartilhar desse futuro – tirando a primeira parte, é claro, porque de vocação para o celibato ainda não fui acometida, mas de paciência, sim.
O desenho é de Matisse.
segunda-feira, 10 de maio de 2010
Promessa
Eu juro que não toco mais no assunto CASAMENTO com o meu namorado. Juro.
A promessa é feita em público, pois assim eu ficarei minimamente constrangida em descumpri-la. Chega de indiretinhas e diretaças, chega de olhos nos olhos tentando dizer o óbvio... em vão. Cheeeeeeega! Cansei de me humilhar.
Nunca mais tomarei toco novamente!
domingo, 9 de maio de 2010
Eureka!
Depois de preparar um sopa de abobrinha, cansada de trabalhar o dia inteiro, eu não queria mais ver livro na frente. Nem gente em carne e osso. Restou a TV e a novela das 21h: casamento da personagem de Aline Moraes. Nunca assisto a essa novela (Leblon como ideal civilizatório é demais), mas cena de casamento é, e sempre será, cena de casamento - irresistível!
Tudo corria normalmente. Comentários idiotas, vestidos lindos, decoração também, eu pensando "isso eu usaria, daquilo não gostei"...
Do outro lado da tela, a sopa já tinha acabado e um Merlot singelo desaparecia rapidamente da taça. Eu já desenhava, mentalmente, o vestido dos meus sonhos - algo para se usar de manhã. Foi aí que as irmãs da noiva entraram no quarto e fizeram a pergunta capital: "Você escreveu nossos nomes na barra do vestido?"
Como a Aline Moraes e o Maneco não querem encalhadas por perto, a noiva disse um SIM bem largo, e uma costureira-elenco-de-apoio fez questão de mostrar os nomes das moças escritos com batom na primeira das muitas saias sobrepostas.
Eureka!
Cara, como é que eu, Jo, não pensei nisso antes? Será que alguma de minhas primas ou amigas fizeram o favor de escrever o meu nome na barra do vestido? Pelo andar da carruagem, tou achando que não (eu era orgulhosa demais para pedir isso a elas, e ainda por cima não tinha encontrado o cara certo).
Mas nem tudo está perdido. Uma querida amiga se casa em outubro, e se eu pedir pra ela esse favorzinho, aposto que vai dizer SIM.
P.S.: A moça glamourosa aí da foto é ninguém menos que Julie Andrews em The Sound of Music (A noviça rebelde).
Na barra do vestido dela, eu fico imaginando, havia o nome da enteada (mais velha dos irmãos, a garota paquerava um carinha que depois ia se tornar soldado nazista, mas é claro que não foi com ele que ela se casou).
Mas será que com um vestidão desse ela só ajudou uma solteira? Cabem os nomes do convento inteiro! Já sei. Maria, ex-noviça, coração imaculado, pode ter feito a caridade de escrever "baronesa Elsa Schraeder", nome da aristocrata de meia-idade que quase conseguiu fisgar o capitão Von Trapp. Bondade? Nem só de pureza vive a mulher: esse seria um jeito politicamente correto de garantir que a concorrente desistisse de vez.
terça-feira, 4 de maio de 2010
Na cozinha
Olha eu aí, cozinhando pro meu namorido. Aliás, quem foi o infeliz que inventou esse termo? Só pode ter sido um homem que não sabia o que queria da vida. Ou uma tia velha, para quem imaginar a sobrinha "morando junto" com o namorado era um golpe duro demais.
Adivinhações à parte, o fato é que eu adoro cozinhar, embora, ultimamente, tenha ficado com uma pontinha de culpa a cada vez que piso na cozinha: tenho que estudar Walter Benjamin, mas muitas vezes, em vez disso, largo a teoria da experiência, a alegoria, a quebra da aura e a filosofia da história – enfim, tudo – e corro a preparar moquecas, saladas, sopas e peixe assado.
Sem falsa modéstia, cozinho melhor a cada dia, e quando vejo a carinha de satisfação dele ao levar um pedaço de suflê à boca, ouço a voz daquela tia velha ecoando dentro de mim e dizendo que "um homem se pega pelo estômago". Será?
segunda-feira, 3 de maio de 2010
Segunda-feira
Segunda-feira é sempre um dia difícil. Não é fácil abrir uma livraria às nove da manhã, ainda mais depois de passar o domingo lendo Walter Benjamin e visitando sites casamenteiros na web.
Depois que lê Benjamin, você quer salvar o mundo – com pessimismo, é claro, mas quer! Genialmente, ele percebeu que se olharmos para a tradição e atualizarmos o passado, teremos alguma chance contra a filosofia progressista arrolada pelo capitalismo no discurso científico bem nojentinho que reverbera por aí.
Ok, o que é que casamento tem a ver com isso? Tudo! Uma mulher moderna e inteligente quer se casar com cerimônia, festa etc. etc. etc., mas fica de cara quando se depara com a realidade: uma indústria de gente brega vendendo comida brega, decoração brega, convite brega, lógica brega...
Agora, além de conseguir ser pedida em casamento (e começo a desconfiar que, de um ponto de vista dialético, não tenho esse poder), preciso pensar numa festa que respeite a tradição sem ser conservadora, que dê uma banana para cerimonialistas e escroques de plantão, e que não sucumba à lógica do consumo para ser realizada.
Haja materialismo histórico!
domingo, 2 de maio de 2010
Morangos silvestres
Conversei com papai e vovô (esses dois sujeitos adoráveis da foto ao lado) sobre minha vontade de casar. Eles foram uns fofos, sorriram ternamente para mim e falaram com alegria sobre suas festas de casamento. Notei que interrompia uma conversa leve entre pai e filho, o que não é muito o estilo deles. Papai sempre com questões existenciais profundas, vovô em seu autoisolamento característico. Quem os conhece sabe do que estou falando.
Disseram que podem contribuir financeiramente para a festa, mas não me ajudaram no essencial: explicar por que o cara é apaixonado por mim, mora comigo, e não pede minha mão em casamento. Qual o mistério, ora bolas? Olhando para o horizonte, vovô disse que as coisas não são simples. Papai permaneceu em silêncio, o rosto soturno, provavelmente pensando na incomunicabilidade da linguagem humana e em tudo o que isso acarreta na práxis diária.
Foi então que contei a eles sobre este blog. Adoraram. Uma maneira de criar em vez de apenas neurotizar-se, disse meu pai; me dê o endereço, não sou muito bom com internet, mas vou tentar acessá-lo hoje à tarde, vovô falou.
Depois mudamos de assunto, comemoramos a brisa, o calor do sol e os morangos silvestres que nasceram no bosque de nossa casa de campo. Papai e vovô me fizeram esquecer, por alguns momentos, que desejo me casar. Me acolheram, a menina deles.
Naquela tarde, compartilhamos o mundo, eu e meus dois queridos velhos.
sexta-feira, 30 de abril de 2010
Moças que vão à frente
I - As modernas
Dama de honra. Aquela pimpolha, geralmente muito bonitinha, que entra na igreja antes da noiva. Pode vir ou não acompanhada de pajem. Filha de alguma amiga da noiva ou do noivo, geralmente é pequena demais para entender o que está fazendo dentro de um vestido pomposo, mas até que gosta dele.
A daminha se assusta com os rostos maquiados, decadentes e pios que olham para ela, como se ali passasse uma das meninas de Fátima. Às vezes empaca no meio do tapete vermelho, tremendo de medo, outras toma coragem e segue em frente.
Mas não precisa ser assim. Essa honraria também é concedida às mulheres do tamanho da noiva. Num álbum de casamento realizado nos anos 1970, lá estão umas moças bem jovens (sim, mais de uma!) carregando um pequeno buquê nas mãos e uma grinaldinha na cabeça. Parecem felizes, e nelas há frescor.
II - As antigas
Não se sabe exatamente a origem da dama de honra, embora, após uma breve consulta a um Oráculo chamado Google, duas revelações tenham surgido. Primeira: a dama de honra era a moça que, na Idade Média, vestia-se com roupas iguais às da noiva numa tentativa de enganar o senhor feudal, que por lei (!) tinha o direito de deflorar a mulher antes das núpcias. Segunda, e essa tem a ver com um costume pagão: vestida como a noiva, a dama de honra prestar-se-ia a confundir maus espíritos desocupados que não suportavam ver uma noiva feliz, e assim se evitava que má sorte, mau olhado ou qualquer outro tipo de ebó energético caísse sobre a mulher prestes a se casar.
Pois é, para quem acredita em oráculos, parece que a dama de honra era uma espécie de, digamos, anjo da guarda. Enfrentando perigos que iam de obsessivos perfuradores de hímens a espíritos malignos, tinha como missão se fazer passar pela noiva e assim protegê-la: estar à sua frente, abrindo alas. Avant-garde!.
Isso é que é melhor amiga.
Dama de honra. Aquela pimpolha, geralmente muito bonitinha, que entra na igreja antes da noiva. Pode vir ou não acompanhada de pajem. Filha de alguma amiga da noiva ou do noivo, geralmente é pequena demais para entender o que está fazendo dentro de um vestido pomposo, mas até que gosta dele.
A daminha se assusta com os rostos maquiados, decadentes e pios que olham para ela, como se ali passasse uma das meninas de Fátima. Às vezes empaca no meio do tapete vermelho, tremendo de medo, outras toma coragem e segue em frente.
Mas não precisa ser assim. Essa honraria também é concedida às mulheres do tamanho da noiva. Num álbum de casamento realizado nos anos 1970, lá estão umas moças bem jovens (sim, mais de uma!) carregando um pequeno buquê nas mãos e uma grinaldinha na cabeça. Parecem felizes, e nelas há frescor.
II - As antigas
Não se sabe exatamente a origem da dama de honra, embora, após uma breve consulta a um Oráculo chamado Google, duas revelações tenham surgido. Primeira: a dama de honra era a moça que, na Idade Média, vestia-se com roupas iguais às da noiva numa tentativa de enganar o senhor feudal, que por lei (!) tinha o direito de deflorar a mulher antes das núpcias. Segunda, e essa tem a ver com um costume pagão: vestida como a noiva, a dama de honra prestar-se-ia a confundir maus espíritos desocupados que não suportavam ver uma noiva feliz, e assim se evitava que má sorte, mau olhado ou qualquer outro tipo de ebó energético caísse sobre a mulher prestes a se casar.
Pois é, para quem acredita em oráculos, parece que a dama de honra era uma espécie de, digamos, anjo da guarda. Enfrentando perigos que iam de obsessivos perfuradores de hímens a espíritos malignos, tinha como missão se fazer passar pela noiva e assim protegê-la: estar à sua frente, abrindo alas. Avant-garde!.
Isso é que é melhor amiga.
quarta-feira, 28 de abril de 2010
Escolhas
Qualquer imaginário, em tempos modernos, é composto por uma mistura inacreditável de fragmentos. No meu caso, casadoira que sou, o tema casamento, pelo que me lembro, bateu-me à porta pela primeira vez lá pelos 5, 6 anos, com “A história de Dona Baratinha”. Ouvi-a numa vitrola Philips amarela, que tocava aqueles discos compactos e coloridos.
Dona Baratinha tinha fita no cabelo (beleza) e dinheiro na caixinha (um dote). Sabia que com esses predicados estava pronta para casar, e que não seria muito difícil arranjar um noivo. Bastaria debruçar-se à janela, como essas namoradeiras de barro ou madeira feitas no vale do Jequitinhonha.
Havia, porém, um problema. Ela era tão mignon, mas tão mignon, que não podia escolher um pretendente qualquer. Precisava de alguém do seu tamanho. Por isso dispensou um gato, um cachorro e um elefante. Miado, latido e urro, sons estridentes demais para sua fragilidade de barata. “Sou muito sensível, e medo tudo me traz. Diga, primeiro, cãozinho [ou a qualquer um dos rapazes], como é que você faz?”, ela perguntava a quem quisesse colocar uma aliança em uma de suas patas invertebradas.
Finalmente encontrou alguém a não temer. Dom Ratão, sua baixa estatura e seus ruídos inofensivos encorajaram-na a ir em frente. Vestido de noiva, véu, grinalda... Dona Baratinha quis tudo a que tinha direito. Só não contava que, antes da cerimônia, Dom Ratão, roedor guloso, não resistiria ao cheiro de toucinho que vinha da cozinha. Aquele aroma o fez esquecer de tudo, até da noiva. Afoito, foi ao encontro de seu novo objeto de desejo e debruçou-se sobre a grande panela de feijão a ser servida após a cerimônia – que não aconteceu: traído pelo estômago, inebriado, Dom Ratão perdeu o equilíbrio e caiu dentro do panelão. Morreu afogado, ou queimado, ou ambos, e Dona Baratinha, a princípio inconformada, voltou à solteirice e à janela.
Moral da história para uma menina de 5 anos: casamento é algo muito complexo. Conclusão mais que óbvia: cuidado com o homem que você escolhe, noiva.
terça-feira, 27 de abril de 2010
E se "Romeu e Julieta" fosse uma comédia?
Em primeiro lugar, certamente não teria sido filmada por Franco Zeffirelli (e a imagem do blog não seria essa; talvez o blog sequer existisse). Em segundo, deixaria o Ocidente à míngua, sem uma história de amor realmente impossível em que se apoiar durante séculos. Em terceiro - e aí é só palpite -, faria de Hamlet a tragédia mais famosa de Shakespeare.
Mas, se assim fosse, o que seria de nossas esperanças no amor verdeiro, puro? Enquanto o príncipe da Dinamarca, afogado em dúvidas, está mais interessado em vingar o pai assassinado do que decidir o que realmente quer com a Vida e com Ofélia (ele chega a incentivá-la a debandar-se para um convento, pode?!), Romeu não tem tempo a perder: escala sacadas, trava duelos, casa-se às escondidas com Julieta.
Tudo para morrer no final, é verdade, mas na certeza.
domingo, 25 de abril de 2010
Objeto de desejo
Para quem não sabe, eu sou livreira.
Para quem não sabe o que é livreira: tenho uma livraria, na qual
você me encontra dia sim, dia também.
Pois não é que saiu em português o livro que eu sempre quis vender?!
Trata-se de um apanhado de 300 vestidos (de noiva, claro!)
usados por mulheres famosas. Em ilustrações e fotos, lá estão modelos
desenhados por Dior, Chanel, Yves Saint Laurent...
Suspiro...
O da foto, que Carrie usa num dia que de glória só teve o vestido, é um Saint Laurent.
http://publifolha.folha.com.br/catalogo/livros/136457/
sexta-feira, 23 de abril de 2010
Nada como um homem com senso de humor...
Hoje de manhã eu contei pra ele que criei esse blog. Quer dizer, hoje não. De madrugada, algumas cervejas na mente e... ops! Saiu. Não é que ele achou a maior graça?
Mais que isso: não é que passou metade dessa sexta-feira me ajudando a editar fotos para um painel com lindas cenas de amor que pretendo postar em breve???
Preciso repensar os meus conceitos.
quinta-feira, 22 de abril de 2010
A culpa é de Miss Austen
Jane Austen nunca se casou e morreu com menos de 45 anos. É autora de uma obra vista como conservadora por uns e irônica por outros. Sou mais a segunda hipótese, mas de uma coisa - que, acho, não diz só respeito a mim - tenho certeza: Miss Austen é a culpada por esse meu desejo irrefreável de casar como manda o figurino.
Como seria diferente, se ela escreveu passagens em que homens distintos se ajoelham diante de suas amadas... e pedem sua mão?!
Ainda que mostre o tédio de muitos casamentos em suas obras, Jane Austen me estimula a querer casar... Não pelo cotidiano empobrecedor e burguês, mas pela promessa de felicidade contida no olhar apaixonado e suplicante de um homem que se ajoelha por mim.
Quer mais glamour que isso?
terça-feira, 20 de abril de 2010
Fora Beyoncé!!!
segunda-feira, 19 de abril de 2010
Assumir é o mais importante
É isso aí.
Sem mais nem menos, hoje decidi criar um blog pra falar o quanto eu quero ser pedida em casamento!
Sem mais nem menos, hoje decidi criar um blog pra falar o quanto eu quero ser pedida em casamento!
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